A Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid) e a Ouvidoria da Mulher do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) promoveram, ao longo desta segunda-feira (20/10), três rodas de conversa focadas no combate à violência doméstica, em Mateiros. A iniciativa atendeu 68 mulheres no primeiro dia e faz parte do Mutirão Pop Rua Jud dentro da ação “Justiça Cidadã no Cerrado”, organizada pela Justiça Federal. O evento integra a força-tarefa do Judiciário, que também realiza a 3ª edição do “Pop Rua Jud” no estado. Os serviços gratuitos seguem até o dia 22 de outubro, atendendo a população de Mateiros, São Félix e comunidades quilombolas da região.
Durante as rodas de conversa, o Judiciário distribuiu kits de higiene e beleza, arrecadados para a ação. Para as participantes, o encontro se revelou um momento de aprendizado e fortalecimento. “Eu me senti protegida na roda de conversa, porque a palestra ensinou nós a se defender”, relatou Judite Ribeiro Gonçalves, 77 anos. “Se acontecer qualquer violência, a gente já vai saber denunciar as agressões, por isso eu gostei da palestra.”
O sentimento de que a informação é o primeiro passo para romper o ciclo do medo foi compartilhado por Suiane Silva. “A gente sabe que aqui as pessoas têm muito medo, então eu penso que essa palestra é de grande importância pra nós mulheres”, afirmou.
A realidade da região: barreiras e vulnerabilidade
A juíza Cirlene de Assis, da Coordenadoria Estadual da Mulher (Cevid), destacou que o diálogo incluiu não apenas as mulheres da comunidade, mas também a rede de proteção local (servidores(as) do CRAS, CREA, Saúde, Educação e Conselho Tutelar). O diagnóstico revelou uma situação de alta vulnerabilidade. “O que estamos vendo é que, infelizmente, aqui não temos uma rede de enfrentamento à violência contra a mulher estruturada”, lamentou Cirlene.
Segundo a coordenadora, os índices de violência contra mulheres e de exploração sexual infantojuvenil na região são altos, um cenário agravado pelo intenso turismo.
Apesar de as mulheres participantes da roda demonstrarem conhecimento sobre a Lei Maria da Penha, a Cevid identificou a necessidade de conscientização sobre os diferentes tipos de violência, como a patrimonial, que muitas ainda não sabem diferenciar da agressão física. “Mas o que nós estamos verificando é que elas têm um grande interesse não só em informação, mas também em divulgar essa informação, tanto no seu município quanto nos seus locais de residência na zona rural”, concluiu Cirlene de Assis.