O casal de lavradores Maite Cleia Teixeira Silva e o Genivaldo Soares de Almeida chegou ao Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, na cidade de Silvanópolis, nas primeiras horas desta quinta-feira (13/4). Com uma intimação em mãos, Maite foi até o local resolver uma pendência antiga: o reconhecimento de paternidade da filha mais velha.
Os dois são casados desde 2010, mas, antes disso, tiveram uma filha. Na época, a Maite tinha 13 anos e, ao sair da maternidade, como o pai não estava presente, colocou na certidão de nascimento da menina apenas o seu nome. O tempo passou, outros filhos nasceram e agora, depois de 16 anos, a Kamila vai ter no documento o nome do Genivaldo.
“Estou me sentindo muito feliz. É uma realização colocar o nome da Kamila com o pai dela. Veio a oportunidade e foi bom demais”, disse Maite. O pai orgulhoso agora não vai ter mais problemas. “Ficava complicado, quando precisava ir para longe e não tinha o documento.”
O reconhecimento da paternidade da Kamila foi resolvido durante a ação itinerante do programa “Pai Presente”, que é realizado pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) da comarca de Porto Nacional e segue até sexta-feira (13/4).
Quem também deu o pontapé para ser reconhecido pelo pai foi o auxiliar Reginaldo Rodrigues da Silva, de 38 anos. Ele conta que conhece o pai desde criança, mas não foi criado por ele. “O meu reconhecimento está dando mais errado por causa de duas irmãs, que querem que nós façamos o exame. Estou há quase um ano correndo pra poder fazer e eles nada, agora é procurar a justiça para correr atrás pra mim.”
Com o atendimento, uma audiência foi marcada e o pai vai receber uma carta convite se, no dia o pai já reconhecer o Reginaldo não vai precisar de DNA, mas se quiser o exame vai precisar agendar a coleta. “Eu não fui criado com ele, já estou acostumado sem ele. A gente corre atrás porque é o direito que a gente tem de ter o nome. Fico feliz porque ninguém é filho de chocadeira”.
Pensão alimentícia
A dona de casa Juslária Soares Almeida foi em busca dos direitos da filha de três anos. O pai fez o reconhecimento, mas nunca deu a pensão alimentícia. Apesar de o juiz ter mandado um ofício, a prefeitura de Santa Rosa, onde ele trabalha, não quer cumprir a decisão.
Durante o atendimento pré-processual do Cejusc, foi feita uma reclamação para o juiz da Vara de Família para que este tenha conhecimento do não cumprimento da decisão por parte do município. “O atendimento foi muito bom, abriu minha mente para muita coisa que não tinha conhecimento. Estou com pensamento positivo.”
Casamento
“Eu sempre tive o sonho de casar. Agora é só felicidade”, a frase é da dona de casa Elyjane Cerqueira Lopes que, finalmente, vai poder dizer que é “casada de papel passado”. Ela vive com o lavrador Fábio Araújo de Souza há 23 anos, têm três filhos e aproveitaram o mutirão para legalizar a situação. “Eu sempre quis casar direitinho, mas nunca tive condições”.
Eles são um dos 30 casais que vão ser contemplados com o projeto do casamento comunitário, que será realizado em parceria com a prefeitura de Silvanópolis. “Agora é preparar tudo pro casamento”, disse Elyjane.