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Polícia de SP investiga como facção criminosa teve acesso ao sistema de câmeras do Estado


PF detectou que o grupo que planejava sequestrar e matar diversas autoridades e políticos possuía informações sigilosas e privilegiadas

Divulgação/SSP
Sistema Detecta, que só poderia ser acessado por autoridades e agentes de segurança, foi utilizado por bandidos

A polícia de São Paulo investiga como a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) teve acesso a dados do sistema de câmeras de monitoramento do Estado. As informações fazem parte do inquérito da Polícia Federal, que descobriu um plano para matar e sequestrar diversas autoridades e políticos, incluindo o senador e Sergio Moro (União-PR). A PF afirma ter encontrado o indicativo claro de que os criminosos têm acesso a dados sigilosos de São Paulo: “Temos indicativo claro de que os investigados têm acesso a dados que deveriam ser sigilosos, o que permite a eles agir com desenvoltura na prática de crimes, pois conseguem identificar veículos das forças de segurança”. Numa conversa interceptada pela PF, um dos integrantes da quadrilha envia uma foto de uma viatura descaracterizada da Polícia Civil de São Paulo e pede a um comparsa que ele descubra as rotas feitas pelo carro: “Parceiro, precisava saber onde esse carro andou de sábado até hoje. Consegue dar uma força para mim, para ver no Detecta?”. Em resposta, a mensagem trouxe uma tela com as informações de cadastro do carro, como o ano de fabricação e local de emplacamento. A tela dizia ainda que o dono do automóvel era a Polícia Civil.

O Detecta é um poderoso programa inteligente que deveria ser sigiloso e só poder ser acessado por agentes das forças de segurança. Toda vez que um carro passa por um radar de velocidade no Estado, por exemplo, as informações ficam armazenadas na base de dados do sistema. A informação foi reportada pela PF na representação que pediu a prisão de 14 membros do PCC, suspeitos de estarem envolvidos no plano para sequestrar e matar autoridades. A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito para investigar o caso. E identificar os responsáveis por vazar as informações.

Segundo o promotor do Estado Lincoln Gakiya, o PCC contava com recursos sofisticados, além de altos investimentos, para colocar o plano em prática. “Recurso é o que não falta para esse pessoal hoje em dia. E, inclusive, o que foi alocado para o resgate do Marcola, que é o plano A, a gente tinha o plano A e o plano B, eles empenharam em torno de R$ 60 milhões. O plano A era realmente o resgate do Marcola e de outros líderes que eu encaminhei para o sistema federal em 2019. O plano era contratar equipes de novo cangaço, de roubos a bancos, algumas equipes, quatro ou cinco equipes, para fazer esse resgate. Como o resgate tornou-se quase impossível, com a volta do Marcola para o presídio federal de Brasília, que hoje tem uma muralha com mais de um metro e meio de diâmetro de concreto, toda blindada, praticamente a prova de resgate e fuga, então o plano B seria justamente esse ataque a autoridades e agentes públicos espalhados pelo país”, disse.

Ainda segundo o promotor, o PCC já teria capacidade para estar infiltrado nos negócios públicos. “Eu mesmo coordeno no Ministério Público de São Paulo, na capital do Estado, uma força-tarefa, investigando junto com a Polícia Civil estadual, a presença do PCC no transporte público metropolitana urbano de ônibus em São Paulo. Nós estamos falando da maior capital do país, que transporta em torno de 1 milhão de passageiros por dia, e a gente sabe que várias empresas de ônibus estão sendo dominadas pelo PCC. Logo, logo, a gente vai ter o desdobramento dessas investigações”. A operação que ocorreu na última quarta-feira, 22, desmantelou o grupo que planejava assassinar autoridades políticas, como o próprio promotor Lincoln Gakiya.

*Com informações da repórter Letícia Miyamoto





FONTE

Tribuna do Tocantins

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