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Projeto Juíza Mirim da Vara da Mulher de Araguaína aproxima alunas do sonho da magistratura


O sonho de ser juíza ganhou um gostinho de realidade para duas estudantes do ensino fundamental de Araguaína. A Vara Especializada no Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Poder Judiciário do Tocantins iniciou, no fim do mês de novembro, o projeto “Juíza Mirim”, idealizado pela titular da unidade, juíza Cirlene Maria de Assis Santos Oliveira. A proposta é despertar o senso de Justiça em meninas que já demonstram interesse pela carreira jurídica.

O projeto-piloto nasceu como desdobramento do programa “Aliança pela Primeira Infância”, realizado em outubro deste ano no município, com parceria do Poder Judiciário do Tocantins. A ação segue o Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016), que incentiva políticas e boas práticas para garantir direitos fundamentais às crianças.

Do colégio ao fórum

As alunas do 6º ano do Colégio Cívico-Militar Domingos da Cruz Machado, Ágata Patrícia dos Santos e Ananda Vitória Queiroz, ambas com 12 anos, foram selecionadas após destacarem que desejam se tornar juízas durante a dinâmica do quadro de profissões do programa TCE de Olho no Futuro.

No Fórum de Araguaína, elas acompanharam uma tarde de audiências da Vara da Mulher, durante a 31ª Semana Justiça pela Paz em Casa, mobilização nacional coordenada pelo CNJ, encerrada na sexta-feira (28/11).

A juíza abriu as portas da sala de audiências para receber as adolescentes que revelaram ter o sonho de, um dia, seguir a carreira da magistratura. A iniciativa teve um propósito simbólico e poderoso: mostrar que aquele espaço, muitas vezes visto como distante, também pertence a elas.

“Quis que sentassem na cadeira onde eu estou hoje para que percebam que o sonho é possível”, explicou a magistrada. “Elas precisam saber que podem ser o que desejarem ser. Meu objetivo é ampliar horizontes, para que não se limitem a sonhar apenas com profissões que costumam ver nas redes sociais, como influenciadoras, modelos ou atrizes. O mundo é muito maior, e ele também é delas.”

“Meu objetivo é ampliar horizontes. Elas precisam saber que podem ser o que desejarem”, pontuou a titular da Vara, juíza Cirlene de Assis

Sentadas ao lado da magistrada, a dupla começou assistindo à audiência e, em seguida, atuou como juízas mirins, devidamente trajadas com a toga e sob supervisão. “Procuramos fazer de maneira lúdica, simples e com respeito aos envolvidos. Em algumas audiências, elas compromissaram testemunhas, ouviram o denunciado e presidiram o ato comigo acompanhando. A ideia é que acompanhem o caso até o final, até a decisão”, explicou a juíza Cirlene.

Do sonho para a prática

“Me senti a maioral”, disse Ágata dos Santos após vestir a beca

“Me senti a maioral”, disse Ágata após vestir a beca. “Minha professora sempre disse que eu seria juíza, e hoje sonho com isso. Quero voltar aqui muitas e muitas vezes. Foi um dia magnífico”, comemorou, após conduzir uma audiência.

“Fiquei feliz porque uma mulher foi protegida de um perigo maior”, disse Ananda Vitória Queiroz ao final da audiência

Ananda presidiu duas audiências e saiu aliviada após ver os casos de perto.

“Me senti muito feliz por participar do julgamento de um caso em que a mulher foi protegida de um perigo maior”, finalizou.

Sementes plantadas no presente para transformar o futuro

O projeto Juíza Mirim busca fortalecer a autoestima, a representatividade feminina na magistratura e o conhecimento sobre direitos desde cedo, tudo com acolhimento e função social.

A Vara Especializada no Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher é a serventia judicial da comarca responsável por processar, julgar e executar as causas decorrentes da prática de violência no âmbito das relações domésticas e familiares contra a mulher. Nela, são julgados processos que estejam configurados como violência de gênero, conforme a Lei Maria da Penha – Lei nº 11.340/2006.

Atualmente, a Vara da Mulher de Araguaína conta com um total de 3.692 processos. Deste montante, 70 estavam em pauta no dia 27 de novembro, sendo três acompanhadas pelas estudantes “juízas mirins”.

A ação, que uniu inspiração e acolhimento, reforçou a mensagem de que representatividade transforma realidades e de que, quando uma adolescente se vê naquele lugar, passa a acreditar que pode alcançá-lo.



FONTE

Tribuna do Tocantins

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