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Classes D e E gastam mais da metade do salário com alimentação, mostra estudo


Segundo especialista, alta da inflação e falta de aumento real do salário mínimo nos últimos anos contribuem para essa realidade

EDUARDO MATYSIAK/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Estudo foi elaborado pelo Instituto Locomotiva e deu detalhes sobre o consumo de alimentos de diferentes classes

Um levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva em parceria com a empresa VR revelou que as famílias da Classe C, que ganham entre R$ 5.200 a R$ 13 mil mensais, gastam em média um terço dos rendimentos com alimentação. Nas famílias da classe B, com renda de R$ 13 mil até R$ 26 mil, o percentual cai para 13,2%. Nas classes D e E, com rendimentos entre R$ 1.300 e R$ 5.200, mais da metade do salário é comprometida com alimentação: 50,7%. “Hoje em dia já é mais de 50% (do salário) com alimentação. Pesa muito. O custo tem aumentado, flutua um pouco, reduz alguns alimentos e aumenta em outros. Sinto que a maior parte do meu orçamento vai no mercado”, diz a assistência de administração Vanda Almeida. O terapeuta financeiro Reinaldo Domingos avalia que, apesar da diferença de impacto, há uma necessidade geral de educação financeira entre as classes. “A inflação real da nossa vida, da nossa casa e da nossa família, no mínimo, foi de 15% a 20% ao ano. O que significa, então, que cada dia mais, a gente gasta mais dinheiro para comprar menos coisa. A gente acaba tendo uma necessidade de buscar por esse equilíbrio, ou seja, essa base de sustentação”, diz Reinaldo.

O estudo ainda aponta que, para a Classe C, os benefícios como vale-refeição e vale-alimentação representam, em média, entre 3% a 8,5% dos gastos com alimentação. Já para as classes D e E, os benefícios chegam a cobrir 33% das despesas. Outro dado alerta sobre as famílias que estão em vermelho no país. Segundo dados da pesquisa, 8 em cada 10 brasileiros da classe C têm dividas em aberto, enquanto 1 a cada 3 está inadimplente. Para especialistas, muitas vezes, essas dívidas são contraídas como formas das famílias garantirem os itens básicos para alimentação. “Há uma tendência, pela ausência da educação do comportamento financeiro, de aumentar esses indicadores de comprometimento nos seus orçamentos. Há essa tendência. Temos aí um país basicamente com uma inflação não controlada, então precisamos tomar uma decisão. Não podemos continuar fazendo do jeito que fazíamos ontem”, continua Reinaldo.

Nos últimos anos, em um processo agravado pela pandemia de Covid-19, houve também uma perda significativa no poder de compra das famílias brasileiras. Há 5 anos, a cesta básica custava 40% do valor do salário mínimo. Hoje, o mesmo produto compromete 59% da renda. “De um lado tivemos o aumento da inflação de alimentos, que são responsáveis por parte considerável dos gastos da classe C brasileira. Do outro lado, nós tivemos um longo período sem aumento real do salário mínimo. Portanto, se o salário não cresce de um lado e o preço da comida cresce do outro, sobra menos dinheiro para a classe C sustentar sua família”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, responsável pelo estudo. Meirelles ainda destaca que, por conta desta tendência, os consumidores se tornaram mais atentos aos produtos consumidos. “Quando a grana é contada, você não tem espaço para o erro. O risco do erro é muito maior. Se você compr aum produto de qualidade duvidosa e só descobre isso na hora de comer o produto, você tem um problema. A grana era tão contada que você vai ter que consumir aquele produto o resto do mês até conseguir comprar um produto de qualidade melhor”, afirma. Ainda segundo o levantamento, 73% das pessoas da Classe C brasileira procuram pelos preços dos itens do mercado, 52% optam pela melhor qualidade e 36% escolhem a marca do produto.

Confira reportagem na íntegra:

*Com informações da repórter Letícia Miyamoto





FONTE

Tribuna do Tocantins

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