“Aqui, estamos em pé de igualdade, todos sendo ajudados”, diz juiz do CNJ no 2º Pop Rua Jud
“Não nos preocupemos com números, preocupemos com as vidas que iremos mudar”. A fala do juiz Marconi Pimentel, que representou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no 2º Mutirão Pop Rua Jud, marcou o Círculo de Escuta realizado nesta sexta-feira (12/9), em Palmas. Conduzido pelo magistrado, o encontro reuniu pessoas em situação de rua, voluntários(as), representantes do Poder Judiciário do Tocantins e instituições parceiras, em um momento de troca de experiências e construção coletiva.
O Círculo foi aberto com o vídeo “Invisíveis: moradores de rua”, que provocou reflexões entre os participantes. “Nunca vi um mutirão com tantos parceiros, tanta gente querendo mudar a vida dos outros. Aqui, estamos em pé de igualdade, todos sendo ajudados. A alegria de quem recebeu um par de tênis, uma refeição ou um par de óculos mostra que saíram daqui certos de que terão suas vidas transformadas”, reforçou o magistrado.
Entre os participantes estava o senhor Presley Couto Alves, 54 anos, que vive em situação de rua.
“Pra mim, é um privilégio participar deste momento com pessoas que reconhecem os nossos direitos. Cada um tem uma história. Hoje só quero me reintegrar à sociedade”, disse, emocionado.
A coordenadora do Comitê Estadual do Pop Rua Jud, desembargadora Ângela Prudente, destacou que a experiência foi uma das mais marcantes de sua vida. “Precisamos e podemos fazer a diferença. Minha palavra é ‘visibilidade’. Essa população precisa ser vista e ouvida”, afirmou.
A vice-coordenadora do Comitê, juíza Rosa Maria Gazire Rossi, também falou sobre a força simbólica do mutirão: “O poder da toga às vezes nos impede de ser humanos, e é tão bom ser gente. Tão bom abraçar, beijar, tocar.”
Impressões
Durante o evento, representantes do TJTO, da Defensoria Pública da União (DPU), do INSS, da Justiça Federal, da Defensoria Pública Estadual (DPE-TO), do Ministério Público Federal (MPF), da Prefeitura de Palmas e do Governo do Estado compartilharam impressões sobre o impacto da ação. Palavras como transformação, amor, empatia, gratidão e esperança foram as mais citadas.
“Há 41 anos me envolvo com as pessoas em situação de rua e o que me chama a atenção é o depoimento de que as pessoas não as veem e não se envolvem. Precisamos descer do pedestal e ajudar estas pessoas, disse o voluntário Edson Sousa.
“Não precisamos ser instituição, só precisamos ser humanos”, disse a voluntária servidora do TJTO, Camilla Matos.
“O mutirão é também uma oportunidade de reparação”, afirmou o representante do Governo do Estado, Arthur Aguiar.
Para o diretor do Foro da Justiça Federal do Tocantins, Igor Itapary Pinheiro, a palavra que resume o momento é ‘servir’. “Nós não somos cargos, somos pessoas. A dor que lhe aflige é a dor que me aflige. Estamos unidos em um único propósito”, disse.
A assistente social da Prefeitura de Palmas, Marlucy Albuquerque, destacou o avanço da ação: “Esse mutirão adiantou em dois anos a entrega de serviços. A articulação e o fortalecimento da rede foram fundamentais para que este público tivesse seus direitos essenciais alcançados.”
“Só de ter conseguido aposentar uma pessoa hoje de manhã que tinha retido quase R$ 9 mil já foi muito gratificante”, contou o gerente executivo do INSS Tocantins.
Mutirão
O Mutirão Pop Rua Jud, promovido pelo Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), em parceria com 30 instituições, é um espaço de cidadania voltado a pessoas em situação de rua e em extrema vulnerabilidade social. Ao longo do dia, foram oferecidos mais de 60 serviços como emissão de documentos, orientação jurídica, atendimentos de saúde, odontologia, vacinação e encaminhamentos para programas sociais. Ao todo, foram realizados nesta edição mais de mil atendimentos.
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