Com mais de mil inscritos, Poder Judiciário reúne especialistas em evento sobre regularização fundiária


Com mais de mil inscritos, o Seminário sobre Regularização Fundiária e Serviços Extrajudiciais de Registro Imobiliário foi um sucesso. Realizado, nesta sexta-feira (24/3), com transmissão ao vivo no auditório do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins (TJTO), pelo Poder Judiciário do Tocantins, por meio da Corregedoria-geral da Justiça (CGJUS) e  Escola Superior da Magistratura Tocantinense (Esmat), o evento abriu espaço para diversas discussões acerca das rotinas que envolvem os conflitos agrários.

 
A regularização fundiária refere-se ao processo de intervenção pública, sob os aspectos jurídicos, físicos e sociais, com o objetivo de proporcionar segurança jurídica tanto no campo quanto nas cidades. Visando ampliar o diálogo institucional, o Seminário foi dividido em seis painéis com temáticas variadas sobre os processos que regem esse sistema. 

Richard Martins Torsiano, diretor executivo da R. Torsiano Consultoria Agrária, Ambiental e Fundiária e consultor Internacional da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), além de especialista internacional em governança e administração de terras, foi o responsável por abrir a primeira roda de palestras, com o tema “Regularização Fundiária, Segurança Jurídica e Desenvolvimento Sustentável”.

Durante sua apresentação, o palestrante discorreu sobre as bases constitucionais da regularização fundiária rural; além de comentar sobre o histórico de governança de terra e políticas fundiárias no Brasil, pontuou sobre a importância de entender o contexto histórico nacional e internacional da questão fundiária, assim como a relevância da governança da terra e da estruturação dos sistemas de administração de terras no Brasil.

 
“Antes de entrar na legislação e nos processos, é importante ter conhecimento dos contextos históricos nacional e internacional sobre a questão fundiária, para assim podermos proceder a esses processos e discutir um pouco sobre segurança jurídica e sustentabilidade. Outro ponto é governança da terra. Por que esse tema? Não é possível governar um terreno desconhecido. Isso é fato observado em vários países e no Brasil. Não é possível formular uma política pública de regularização fundiária quando o estado não conhece o território, e, pior do que isso, quando a sociedade não conhece esse território. Para conhecer o território, é fundamental que o estado estruture os sistemas de administração de terras de maneira adequada. É preciso pensar, trabalhar isso de uma maneira que se possa ter um cadastro útil e atualizado, integrado, principalmente entre cadastro e registro de imóveis”, pontuou.

Cenário regional

O primeiro dos seis painéis, ministrado por Valdiram Cassimiro da Rocha Silva, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Estado do Tocantins (ANOREG), teve como enfoque os aspectos relacionados à regularização fundiária rural no Tocantins. Estavam presentes, como mediador, o coordenador do Núcleo de Prevenção e Regularização Fundiária (Nupref), magistrado Wellington Magalhães, e como debatedor, Vagmo Pereira Batista.

A regularização fundiária é de fundamental importância para o desenvolvimento econômico e sustentável da República Federativa do Brasil, e um dos objetivos é assegurar uma sociedade livre, justa e solidária, destacou o juiz.

Ainda no período da manhã, a painelista Ana Cristina Maia, oficiala de registro de imóveis em Mariana (MG), apresentou um importante panorama sobre o cartório de registro de imóveis e Regularização Fundiária Urbana (REURB) – procedimento por meio do qual se garante o direito à moradia daqueles que residem em assentamentos informais localizados nas áreas urbanas. 

Registros públicos e paroquiais

Durante a tarde, a nova dinâmica das certidões no Registro de Imóveis foi tema da exposição de Flaviano Galhardo, 10º oficial de registro de Imóveis de São Paulo. Mediado pelo magistrado Wellington Magalhães e debatido por Valdiram Cassimiro da Rocha Silva, o terceiro painel trouxe um quadro sobre esse novo modelo de procedimento, ocasionado por alterações na Lei nº 6.015, de 1973, que regulamenta os registros públicos no Brasil.

 
O quarto painel, com o tema “Registro Paroquial e sua Convalidação Registral”, foi apresentado por Valdiram Cassimiro da Rocha Silva, ministrado por Vagmo Pereira Batista, tabelião e registrador de imóveis em Brejinho de Nazaré (TO), e mediado por Wagner José dos Santos. Na ocasião, além de trazer o tópico para uma perspectiva vivenciada no Tocantins, o tabelião explicou o que significa cada termo do tema abordado, como eles se relacionam e quando devem ser aplicados. 

Mediado por Océlio Nobre da Silva e debatido por Ana Cristina Maia, o penúltimo painel do dia discutiu sobre a importância da Reurb e o papel do Poder Judiciário e municípios nesse processo. Michely Freire Fonseca Cunha, registradora de Imóveis em Virginópolis (MG), apresentou, durante sua palestra, alguns parâmetros de como o Judiciário pode atuar nos municípios. Em sua fala, ressaltou que o Tribunal de Justiça – quando promove regularização fundiária – atua preventivamente, evitando judicializações que aumentam o acervo e contribuem para a demora na prestação jurisdicional. 

“A adesão da Reurb nos municípios pode ser um estímulo muito promissor para o desenvolvimento, fazendo assim essa movimentação nas cidades, sendo o município o papel principal na Reurb”, explicou.

Com ampla participação presencial em Palmas, as Alterações Legislativas, Novo Provimento da Corregedoria-Geral de Justiça do Tocantins, e Enunciados da I Jornada de Direito Notarial e Registral foram temas de argumentação para o palestrante Wagner José dos Santos, coordenador dos Serviços Notariais e de Registro na Corregedoria-Geral da Justiça do Estado do Tocantins.  Ele fez apontamentos sobre a importância do grande avanço da Lei nº 11.977, de 2009, principalmente com advento da Lei Federal nº 13.465, de 2017. 

“O entendimento de regularização fundiária urbana é um conjunto de medidas jurídicas, urbanistas, ambientais e sociais destinadas à incorporação dos núcleos urbanos informais ao ordenamento territorial urbano e à titulação dos seus ocupantes.”  

O coordenador também frisou que a atual Lei da Regularização Fundiária Urbana, por sua flexibilização, possibilita que milhares de brasileiros tenham suas moradias regularizadas. Esse último painel contou com a presença do debatedor Valdiram Cassimiro da Rocha Silva e do mediador, juiz auxiliar da Corregedoria-geral da Justiça, Esmar Custódio Vencio.

Por fim, o magistrado Wellington Magalhães, comandou a plenária de finalização do evento.



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