Dia do trabalhador – “Um passo que mudou minha vida”, diz jovem que viveu por 12 anos em abrigo sobre a primeira oportunidade de emprego
O primeiro emprego é uma grande conquista na vida de todo jovem. Imagine quando essa oportunidade de trabalho simboliza a chance de um novo começo de vida. É o que acontece com os adolescentes que vivem o processo de desinstitucionalização. Prestes a deixarem as instituições de acolhimento onde podem viver até completarem 18 anos, a estreia no mercado de trabalho dessas meninas e meninos de 15 a 17 anos representa um importante passo para uma vida em sociedade.
Esta é a história do Jeferson Henrique Santos. Dos seus 18 anos, cerca de 12 foram dentro de uma instituição de acolhimento. No mês de junho, ele completará um ano fora do abrigo onde viveu em Divinópolis e comemora a nova fase graças a oportunidade de trabalho que teve em uma loja de móveis da cidade. “Essa oportunidade foi muito importante para mim, foi um primeiro passo que mudou minha vida”, disse o jovem que começou a trabalhar como menor aprendiz e hoje é funcionário da empresa. “Sou montador e também mexo no sistema do depósito para organizar”, conta orgulhoso da experiência que o ensinou sobre “dedicação, comportamento e como ser um adulto do futuro”.
Quem acolheu o jovem em sua primeira experiência profissional foi a empresária Ana Zélia Abreu Wanderley. Ela conheceu o Jeferson durante uma visita que fez ao abrigo e se tornou madrinha de batismo dele. Na loja de móveis, deu várias oportunidades de aprendizado ao novo funcionário e garante que não se arrepende da experiência. “Sabia que tinha que dar essa oportunidade; é um excelente menino, faz tudo na loja, é responsável e me orgulho dele”, disse a empresária, ressaltando ainda que “essa troca é boa para a empresa, é boa para a sociedade e é boa para esses jovens também”.
Uma troca boa para todo mundo e que traz esperança de uma vida melhor para muitas crianças e adolescentes que vivem sob a tutela do Estado. “Essa oportunidade de emprego mudou completamente a minha vida e hoje eu tenho muitos sonhos para realizar; vou cursar Educação Física”, garantiu Jeferson.
Judiciário
Contribuir para o processo de desinstitucionalização de jovens como Jeferson é uma meta do Judiciário, prevista na Diretriz Estratégica 11– CNJ/2023 e que assegura o desenvolvimento de “protocolos institucionais entre tribunais, entidades da sociedade civil, instituições de ensino, empreendedores e empresários, objetivando viabilizar o processo de desinstitucionalização do jovem que vive em casa de acolhimento institucional, ao completar 18 anos”.
No Tocantins, a Corregedoria-geral da Justiça tem apoiado empresas e instituições que oportunizam a formação, qualificação e aperfeiçoamento profissional destes adolescentes. Por meio do certificado Amigo do Adolescente Acolhido, são reconhecidas pessoas físicas ou jurídicas que desenvolvem ações para o desenvolvimento e inserção na sociedade de adolescentes prestes a completarem 18 anos e que ainda vivem acolhidos em abrigos no Estado.
O objetivo é contribuir para o processo saudável de desinstitucionalização desses jovens, conforme destaca o juiz auxiliar da CGJUS, Ariostenis Guimaraes Vieira, coordenador da Comissão Estadual Judiciária de Adoção do Estado do Tocantins (Ceja). “Dar a alguém uma oportunidade, de forma gratuita e voluntária, é um gesto nobre em todos os aspectos; é fundamental que essas ações se multipliquem”, disse.
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