Doação e generosidade refletem trabalho voluntário com indígenas em Formoso do Araguaia
“Uma missão gratificante”. É assim que voluntários da 1ª Semana Nacional de Saúde definem a ação em prol da saúde de indígenas da Ilha do Bananal. O evento, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), em parceria com diversas instituições, segue até esta sexta-feira (11/4), na Escola Municipal Hermínio Azevedo, em Formoso do Araguaia.
São mais de 300 pessoas envolvidas diretamente na ação. Só da área de saúde são mais de 100, dos quais 15 são médicos. Entre esses profissionais está a ecocardiografista Renata de Sá Cassar, médica do Instituto do Coração (InCor), de São Paulo. “É uma experiência enriquecedora”, diz.
Depois de já ter participado de três missões humanitárias com a ONG americana Cardio Start, na República Dominicana, Peru e Macapá (AP), a médica, que faz parte de um projeto social em favelas do Rio de Janeiro, agora está participando da ação do CNJ, atendendo indígenas no Tocantins.
“Eu digo que, quando a gente faz esses trabalhos voluntários, nós recebemos muito mais do que doamos, porque a oportunidade de poder, se conseguir, salvar uma vida ou mudar o diagnóstico de uma pessoa já valeu toda a missão, porque uma vida já vale”, destaca.
A pediatra Regina Maria Rodrigues, do Hospital das Clínicas de São Paulo, veio ao Tocantins pela primeira vez para participar do projeto e doar amor, mas também já é experiente em ações voluntárias. “É uma parte do hospital que vem aqui atender, fornecer um pouquinho de especialidade para a assistência primária que o DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) já faz, com o médico da família, e na falta de especialidade a gente vem dar uma ajuda”, destacou.
Como profissional e pessoa, a médica, que presta atendimento aos(às) filhos(as) das mulheres indígenas, conta que a experiência é gratificante. “É uma delícia! É muito gostoso! Porque a criança retribui demais e a população fica muito grata. No caso daquela criança que tem uma asma prolongada, uma doença que precisa de especialista, a gente vê que faz diferença na vida dela”, ressalta, “A gente mais leva do que traz, porque o que a gente traz é um pouco de conhecimento técnico, mas leva muito, porque eles são muito gratos”, acrescenta.
Cada experiência um aprendizado
Para Ana Martins, da ONG oftalmológica Renovatio, que desenvolve ações em todo o Brasil levando qualidade de vida, realizando exames, incluindo fundo de olho e mapeamento de retina, além de fazer doação de óculos, participar da missão em Formoso do Araguaia está sendo uma experiência “sensacional e gratificante”.
Apesar de já atuar em ações oftalmológicas há 18 anos, em diversos lugares, Ana conta que a cada experiência há um aprendizado.
“Todos os dias tem uma novidade, todos os dias a gente tem pessoas que, infelizmente, nunca puderam ter a oportunidade de enxergar bem. Então, quando você gera essa oportunidade, é uma sensação sempre nova”, enfatiza Ana, dizendo que todo dia é uma nova oportunidade de fazer a diferença na vida de alguém.
No Tocantins, com os indígenas da ilha do Bananal, Ana cita que é uma experiência única. “Cada aldeia tem uma dificuldade e aqui, pelo que nós estamos atendendo, são pessoas que têm graus elevadíssimos e nunca tiveram a oportunidade de passar na parte de oftalmologia”, comenta. “Pra mim, está sendo surpreendente entender o quanto essas pessoas precisam enxergar e nunca havia enxergado”, completa.
A ONG Renovatio atua na ação integrada aos atendimentos oftalmológicos realizados pela equipe médica do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
Também estão envolvidos na 1ª Semana Nacional de Saúde profissionais do Ministério da Saúde, do Distrito Sanitário Especial Indígena da região, das secretarias de Saúde de Formoso do Araguaia e Gurupi, da Secretaria da Saúde do Estado do Tocantins, militares do Exército, magistrados e servidores do CNJ e do Poder Judiciário do Tocantins, entre outros.
Muita generosidade
Segundo a conselheira do CNJ, Daiane Nogueira de Lira, supervisora do Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde (Fonajus), a Semana Nacional de Saúde é uma ação para populações indígenas e, também, de muita generosidade. “O que a gente vê aqui é uma união de esforços de instituições, órgãos públicos, entidades privadas, parceiros, de toda a natureza, tanto do Sistema de Justiça quanto de saúde, para trazer saúde àquela população que mais precisa”, cita.
Essa ajuda, conforme lembra a conselheira, é feita por pessoas, por voluntários, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos de diversas áreas, entre outros. “Tudo voltado para um atendimento generoso, com tranquilidade, mas também com bastante atenção à saúde indígena”, frisa.
Nesse sentido, Daiane Lira cita que a ação está disponibilizando profissionais, equipamentos, remédios, exames, entre outros serviços para que os indígenas da região tenham condições de acesso aos serviços de saúde. “A gente tem uma união de esforços de todos os órgãos do Estado brasileiro e a própria sociedade também colaborando”, aponta a conselheira, destacando a importância da união de esforços de todos em prol da saúde indígena.
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