EducaJus encerra ciclo de palestras e inicia nova fase do projeto
“Gênero e Violência contra a Mulher” e “Combate ao Racismo” foram temas das duas palestras apresentadas nesta terça-feira (6/6), no segundo dia de atividades do projeto EducaJus – de Papo com a Justiça, nas escolas municipais: Núcleo Euclídes da Cunha, na zona rural de Guaraí; e Francisco Pinheiro da Silveira – Anexo 1, no município de Tabocão.
Entre os dias 5 e 7/6, o projeto piloto do Poder Judiciário do Tocantins reencontra alunos do 9º ano do ensino fundamental II, em mais um ciclo com novas etapas da programação que vai até agosto. Neste ciclo, chamado “Fase do Saber”, foram apresentadas cinco palestras com temas definidos pelos próprios alunos, no mês de maio, durante a “Fase do Sentir” – primeira etapa do projeto.
Nesta segunda-feira (5/6), aconteceram as palestras: Sistema Prisional brasileiro e tocantinense; Educação Financeira; e Agentes da Democracia, uma introdução ao processo eleitoral do Brasil. Clique aqui e confira como foi o primeiro dia de palestras.
Já na terça-feira (6/6), a juíza Renata do Nascimento e Silva, titular da 1ª Vara Criminal na Comarca de Paraíso do Tocantins, e a procuradora do Ministério Público do Tocantins (MPTO), Maria Cotinha Bezerra, abordaram o racismo estrutural em suas palestras.
A magistrada apresentou um panorama sobre o contexto histórico da escravização, a precariedade nas travessias dos navios negreiros, a chegada no Brasil e condições subumanas de sobrevivência. Também refletiu sobre algumas expressões do vocabulário brasileiro consideradas racistas. Ela disse que algumas palavras passam despercebidas se não nos conscientizarmos.
“A palavra denegrir, pode ser substituída por difamar. A expressão ‘criado mudo’, por mesa de cabeceira. São pequenos detalhes que fazem a diferença. Vivemos o racismo estrutural em uma sociedade que ainda tem resistência em reconhecer e prefere silenciar diante um episódio de discriminação. Por isso ações no ambiente escolar fazem com que essas crianças abram a mente e reflitam. Serão elas, os agentes transformadores que tanto precisamos na sociedade”.
Maria Telma, de 14 anos, é aluna da Escola Municipal Francisco Pinheiro da Silveira – Anexo 1, no município de Tabocão. Segundo ela, presenciou um episódio de racismo sofrido pelo pai. “Vi meu pai ser proibido de entrar em um local por causa da cor da pele e isso me doeu muito. Com o aprendizado que eu tive hoje, agora sei que posso agir diferente se acontecer outra vez”.
Violência doméstica
Na palestra “Gênero e Violência Doméstica”, a advogada e fundadora do primeiro escritório de Advocacia para Mulheres do estado do Tocantins, Stella Bueno, apresentou a diferença entre: machismo e feminismo, enquanto pensamentos e comportamentos extremistas; e feminismo, como ideal que propõe a igualdade de gêneros.
Ao analisar os espaços ocupados por mulheres e homens na sociedade contemporânea, Stella apresentou aos estudantes a vida de Maria da Penha – mulher que compartilha seu nome com a Lei nº 11.340/2006, e faz de sua história motivo de luta contra a violência doméstica. “São histórias, expressões e conceitos que precisam ser compreendidos em sua essência para que haja transformação. Por isso, compartilhar conhecimentos com esses adolescentes é pensar em um futuro melhor, com menos desigualdade e menos violência”.
Após a palestra, a aluna da Escola Municipal Núcleo Euclídes da Cunha, na zona rural de Guaraí, Juliana Pereira Fernandes, de 14 anos, contou que o fato de ser uma menina, não significa que tenha que ser tratada de forma diferente. “Eu posso dirigir, eu posso trabalhar e não depender de ninguém para viver. A mulher deve ser respeitada de todas as formas: pela cor, pelo cabelo, pelo seu jeito de se vestir. Eu mesma tenho o direito de usar a roupa que eu quiser”.
Na quarta-feira (7/6), acontece a “Fase da Socialização”, a última etapa deste ciclo, com uma oficina temática sobre inteligência emocional, ministrada pela psicóloga e servidora da Corregedoria Geral da Justiça (CGJUS), Luciane Prado. E a partir dos conhecimentos adquiridos durante as palestras na “Fase do Saber”, o EducaJus inicia um novo ciclo com as fases do “Comprometimento” e “Planejamento”. Nelas todas as turmas com os alunos participantes deverão elaborar a proposta de um projeto de impacto e desenvolvimento da comunidade na qual estão inseridas.
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