Fiação solta em postes em São Paulo é negligenciada por empresas e apresenta risco à população
De acordo com o engenheiro eletricista, Paulo Takeyama, a responsabilidade de retirada das fiações inutilizadas, trocadas ou furtadas que estão caídas ou penduradas é das companhias de telecomunicações
A reportagem da Jovem Pan News averiguou uma denúncia de um telespectador a respeito de fios soltos em postes que atrapalham os pedestres e podem causar acidentes na capital paulista. Em um cruzamento do bairro Jardim Paulista, foi flagrada uma aglomeração de fios, metade fazem parte das instalações e o restante são cabos de energia que foram cortados e ficaram nos postes, suspensos entre a rua e a calçada. Denúncias parecidas também foram registradas em locais próximos, em ruas dos bairros Higienópolis e Jardins. Na zona central de São Paulo, na região da Bela Vista, a cena também se repete. Um dos pedestres, identificado como Jefferson Santana, confessou o receio de passar perto destas instalações: “Está terrível. A gente fica com medo e não sabe se está energizado ou se não está, fico sempre desviando o caminho”. De acordo com o engenheiro eletricista, Paulo Takeyama, a responsabilidade de retirada dos fios inutilizados, trocados ou furtados que estão caídos ou pendurados é das empresas de telecomunicações.
“Como as empresas de energia elétrica são os donos dos postes, é o caso do locador e do locatário. Elas [As empresas] são quem aluga os pontos para o serviço de telecomunicações. Ao serviço de telecomunicações é que cabe a retirada desses fios, sem dúvida nenhuma. Acho que todas essas empresas de telecomunicações é que têm a responsabilidade de retirar esses fios. Elas trabalham, quase todas, com terceirizadas e não conseguem fazer uma fiscalização de maneira que essas terceirizadas realmente retirem. Na minha opinião, é um problema. Obviamente que a concessionária de energia elétrica também tem uma certa responsabilidade, mas a maior responsabilidade, sem dúvida nenhuma, são das concessões de serviços de telecomunicações”, explicou Takeyama. Além de prejudicar a paisagem da cidade, o problema também traz como consequência o perigo de acidentes, como alerta o engenheiro: “Os fios soltos na calçada prejudicam a locomoção das pessoas. E um perigo maior é quando se refere a motociclistas, os fios pendurados já causaram acidentes de extrema gravidade”.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal das Subprefeituras, afirmou que, após o recebimento de ofício ou notícia, os fiscais verificam a veracidade das informações. Constatada a irregularidade, a administração regional pode multar a empresa de telecomunicação responsável. Por fim, caso a empresa não seja identificada, a penalidade é transferida para a Enel. De acordo com o especialista, punições mais relevantes poderiam ser uma solução a médio prazo e que é preciso cobrar o Poder Público: “Cabe à população pressionar as suas respectivas Prefeituras que, de uma maneira ou outra, são responsáveis pela segurança de suas vias. É pressionar a Prefeitura para que ela tome as providências junto das concessões de telecomunicações, essas grandes agências de comunicação, de telefonia e TV a cabo, para que eles façam esse trabalho de limpeza desses fios que estão inutilizados”. Já o urbanista André Lossio propõe uma medida a longo prazo, com a ampliação do sistema subterrâneo de fiação.
“A cidade de São Paulo já tem esse sistema, mais na região central e também na zona oeste. Mas a cidade de São Paulo é muito mais complexa e ampla, principalmente nas regiões mais populosas, zona leste e zona sul. Porém, é um sistema custoso (…) O custo da implantação desse sistema é cinco vezes maior do que o atual. Uma cidade como São Paulo requer um estudo amplo, principalmente na implantação e contemplação no Plano Diretor Estratégico da cidade, para pensar nesse aspecto, não só estético, mas também de segurança”, detalhou o urbanista. De acordo com a Secretaria Municipal das Subprefeituras, até o momento, foram enterrados um pouco mais de 18 mil metros de fios. Enquanto cerca de 6 mil metros estão em fase final de aterramento. Ao todo, está prevista a transição de 65 km de redes aéreas da capital paulista. Com a retirada da fiação, a expectativa é de que quase 3 mil postes sejam excluídos até o fim de 2024.
Em nota, a Enel esclareceu que a maioria dos chamados que recebe é para fios de telecomunicações. A distribuidora também afirmou que notifica com frequência as empresas responsáveis para regularizarem o problema e destacou que, no ano passado, mais de 68 mil postes foram inspecionados e mais de 900 comunicados enviados com pedidos de manutenção em toda a área de atendimento. A Prefeitura de São Paulo orienta a população para que, se identificado um fio partido que solta faíscas, é necessário entrar em contato com a Enel, já para situações de roubos de fios ou atos de vandalismo nos postes, basta acionar a Polícia Militar pelo 190.
*Com informações da repórter Letícia Miyamoto
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