Gestão de Riscos e Segurança da Informação são destaques no segundo dia do Encontro Nacional de Inteligência do Judiciário
A segurança individual e a gestão de riscos foram os temas centrais das palestras que abriram o segundo dia do Encontro Nacional de Inteligência do Judiciário, promovido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins, nesta quinta-feira (27/3). A programação contou com a presença de especialistas que trouxeram reflexões sobre metodologias estratégicas e novas tecnologias aplicadas à segurança pública e institucional.
Análise de Risco de Pessoa: proteção e segurança em equilíbrio
A palestra “Análise de Risco de Pessoa: a Convergência das Medidas de Proteção com os Procedimentos de Segurança Adequados” foi proferida por Alessandre Roberto dos Reis, chefe da Divisão de Análise Estratégica da Diretoria de Inteligência da Polícia Federal. Durante sua apresentação, ele destacou as responsabilidades da equipe na análise de risco e segurança pessoal, destacando as principais estruturas de gestão de riscos reconhecidas mundialmente e discutindo a possibilidade de implementação de uma metodologia padronizada na Polícia Federal.
Segundo o palestrante, a segurança individual deve ser garantida por um conjunto de medidas preventivas que protejam a pessoa contra ameaças potenciais. No entanto, ele ressaltou que ainda não há um planejamento uniformizado para definir o nível de proteção necessário conforme os riscos identificados.
Alessandre enfatizou a necessidade de equilibrar o que é necessário com o que é possível, evitando a criação excessiva de protocolos que possam inviabilizar a atividade profissional. “A metodologia adotada deve permitir a aplicação de controles adequados e suficientes, sem a imposição de medidas desnecessárias”, pontuou. Como exemplo, explicou que, ao avaliar um indivíduo que não frequenta determinados ambientes, não faz sentido aplicar uma análise de vulnerabilidade relacionada a esses espaços.
A teoria do queijo suíço também foi abordada durante a apresentação. Desenvolvida para a área da saúde, essa teoria se aplica à segurança ao demonstrar que cada “fatia” representa uma categoria de vulnerabilidade. Quando essas vulnerabilidades se alinham com ameaças reais, a segurança pode ser comprometida, reforçando a necessidade de uma gestão eficaz dos riscos.
“Para garantir que as informações fluam de maneira eficiente entre as instituições, sem ficarem isoladas em sistemas estanques, defendeu um modelo federativo e colaborativo que permita o compartilhamento seguro de dados sem depender de uma instância centralizadora”, disse o palestrante.
Blockchain e Segurança da Informação no Serviço Público
A programação do Encontro Nacional de Inteligência do Judiciário seguiu com a palestra “Aplicações de Blockchain no Serviço Público para o Compartilhamento Seguro de Dados”, conduzida por Ronald Cesar Thompson, auditor da Receita Federal do Brasil e chefe da Divisão de Gestão de Serviços de Tecnologia da Informação.
O palestrante iniciou sua apresentação explicando o que é o blockchain e como surgiu essa tecnologia. Criada em 2008 para viabilizar o funcionamento do bitcoin, o blockchain é uma tecnologia que registra transações de forma descentralizada e segura. Segundo o documento original sobre o funcionamento do bitcoin, trata-se de uma “rede que marca o tempo das transações, colocando-as em uma cadeia contínua no ‘hash’, formando um registro que não pode ser alterado sem refazer todo o trabalho”.
De forma simples, o blockchain pode ser considerado um grande livro contábil digital. Ele registra diversos tipos de transações e armazena esses registros em vários computadores espalhados pelo mundo, o que garante a segurança e a imutabilidade das informações. No caso das criptomoedas, como o bitcoin, esse livro digital rastreia o envio e recebimento de valores, tornando quase impossível alterar ou apagar os dados uma vez registrados.
Durante a palestra, explicou como a Receita Federal adotou o blockchain para aprimorar a troca de informações de inteligência e interagência. Destacou os desafios logísticos enfrentados na fiscalização de fronteiras, além da complexidade territorial do Brasil, ilustrando isso com mapas comparativos da extensão do território nacional.
“A implementação do Blockchain na Receita Federal busca criar uma rede de colaboração segura, permitindo o compartilhamento estruturado e confiável de informações entre diferentes entidades governamentais,” afirmou o palestrante.
Comentários estão fechados.