histórias que ganham voz no 2º Mutirão Pop Rua Jud


Entre olhares cansados e sorrisos tímidos, homens e mulheres em situação de rua de Palmas encontraram no 2º Mutirão Pop Rua Jud não apenas serviços gratuitos, mas o acolhimento que devolve dignidade e abre portas para novos começos. Nesta sexta-feira (12/9), a Escola de Tempo Integral Almirante Tamandaré, se encheu de voluntários, atendimentos e, sobretudo, de histórias. 

Como a de seu José Alves da Silva, o cantor que sonha em gravar suas músicas. Aos 71 anos, ele carrega na memória mais de 130 músicas compostas ao longo da vida. Natural de Grajaú (MA), ele chegou a Palmas há pouco mais de seis meses. Viveu alguns dias em hotéis e, quando o dinheiro acabou, passou a dormir nas ruas. “Meu maior sonho é gravar minhas músicas”, confidencia. 

No mutirão, ele recebeu atendimento médico e social, além de encaminhamento para resolver a situação da aposentadoria e renovar documentos, passos essenciais para que a vida volte a caminhar, pois, sem documentos, a vida se estreita. Não se acessa saúde, não se conquista emprego e não se alcançam benefícios sociais. 

Documentos que reacendem esperanças

Documentos reabrem caminhos, como espera Raimundo Costa Neto, 36 anos, que viu a vida mudar após o fim do casamento. Ele conta que veio de Goiânia para Palmas e, sem alternativas, passou a viver nas ruas. “Aqui eu consegui tirar documentos, passar pelo médico, até cortar o cabelo. Isso ajuda muito”, conta.
No mutirão, cada certidão e cada identidade renovada, representa mais que um pedaço de papel, é um passaporte para a esperança, principalmente para quem está há vários anos em busca de acolhimento.

Raimundo Costa Neto
Marineide Rodrigues da Silva, 50 anos, nasceu em Porto Nacional, mas há quase uma década vive nas ruas de Palmas. Com deficiência física e auditiva, ela conta que saiu de casa após sofrer maus-tratos e, desde então, sobrevive da solidariedade alheia. “Tem dias que falta o que comer”, conta, com simplicidade. No mutirão, encontrou atendimento, escuta e, principalmente, o olhar de quem a reconhece como cidadã.

Natural de Salvador, Eliton Oliveira Ribeiro, 32 anos, chegou a Palmas há dois anos e meio, após uma trajetória marcada pelo uso de álcool e drogas. O quadro clínico evoluiu para problemas psiquiátricos. “Eu achava que todos queriam me matar, e fugia de cidade em cidade”, relata.

Imagem: Lucas Nascimento

No Pop Rua Jud, encontrou assistência médica, apoio jurídico e a chance de retomar o cuidado com a saúde. Também encontrou uma rede de apoio que o ajuda a acreditar que a vida pode ser reconstruída passo a passo.

Já Luiz Maria da Silva, 60 anos, foi localizado pelo serviço social e, no mutirão, teve acesso à Defensoria Pública e atendimento oftalmológico. “Fui bem acolhido, bem atendido, tudo certinho mesmo”, resumiu, carregando nos olhos a esperança de quem agora terá óculos novos e mais clareza para seguir em frente.

Luiz Maria da Silva

Dignidade e inclusão

O Pop Rua Jud não se resume a serviços. A ação representa um gesto de reconhecimento. Cada atendimento é também um ato de pertencimento, a prova de que essas pessoas não são invisíveis, mas cidadãos que carregam sonhos, dores e potenciais.

“O que mais importa aqui é ser visto, ser respeitado”, disse um dos participantes, traduzindo o sentimento coletivo.
O 2º Mutirão Pop Rua Jud termina no final do dia desta sexta-feira, mas o impacto na vida de cada pessoa que passou pelos serviços ofertados permanecerá. A cada documento emitido, orientação jurídica e abraço de acolhimento, o Poder Judiciário do Tocantins semeou a certeza de que a Justiça, quando chega às ruas, transforma vidas e abre caminhos para recomeços.



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