II Semana de Diálogos sobre Igualdade e Diversidade é aberta com destaque para memória, inclusão e enfrentamento ao apagamento histórico
A valorização das narrativas que compõem a pluralidade social e o enfrentamento ao silenciamento histórico marcaram a abertura da II Semana de Diálogos sobre Igualdade e Diversidade, realizada nesta segunda-feira (17/11), no auditório do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO). O evento, promovido pela Corregedoria-Geral da Justiça (CGJUS), por meio da Escola Superior da Magistratura Tocantinense (Esmat) e em parceria com o Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), reúne diferentes perspectivas e experiências, integrando esforços institucionais em prol da equidade racial e de gênero, da diversidade sexual, dos direitos das comunidades tradicionais e da acessibilidade. A iniciativa está alinhada às diretrizes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ao compromisso de aprimorar o julgamento de processos que envolvem grupos historicamente vulnerabilizados.
Durante a abertura, a presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Maysa Vendramini Rosal, destacou o compromisso da instituição com a promoção de direitos e a importância de manter espaços permanentes de diálogo.
“Debater e refletir sobre os desafios que ainda enfrentamos na busca por um mundo mais justo, igualitário e sem preconceitos é fundamental. Nesse sentido, essa Semana é uma iniciativa importantíssima. É um momento necessário para dialogarmos e avançarmos na garantia dos direitos fundamentais, independentemente de raça, sexo ou gênero. Esse é um compromisso do Poder Judiciário, e fico feliz em ver que a Semana chega à sua segunda edição com tantas pessoas preocupadas e comprometidas com o mesmo propósito”, afirmou.

A desembargadora Ângela Issa Haonat, idealizadora do espetáculo Vozes Silenciadas – A luta de Paula por liberdade, peça apresentada na solenidade de abertura, reforçou que a iniciativa consolida políticas voltadas à inclusão e ao enfrentamento das desigualdades. “É uma satisfação participar da abertura da II Semana de Diálogos sobre Igualdade e Diversidade, uma iniciativa que reafirma o compromisso do Poder Judiciário do Tocantins com a promoção da inclusão, do respeito e da equidade. Esta Semana não é apenas um evento em nossa agenda institucional; ela representa a consolidação de políticas permanentes voltadas ao enfrentamento das desigualdades e ao fortalecimento da diversidade como valor público”, disse.

Ao refletir sobre a importância da memória institucional, a desembargadora Ângela Prudente, presidente da Comissão de Gestão da Memória do Poder Judiciário Tocantinense, destacou o papel do resgate histórico para uma justiça mais consciente. “A abertura do espetáculo Vozes Silenciadas nos reúne neste momento único em torno do compromisso humano de reconhecer as trajetórias de luta que nos antecederam e moldam a identidade do que somos. Recordar é um dever público e o resgate da nossa história constitui fundamento essencial para a construção de uma justiça mais consciente. A Política Nacional, instituída pelo Conselho Nacional de Justiça, nos orienta e inspira a olhar para o passado com sensibilidade, ética e humanidade”, pontuou.

“Foi um momento profundamente necessário. O evento não apenas abriu espaço para discutir igualdade e diversidade, como também fez isso a partir de perspectivas que realmente dialogam com a realidade das pessoas. Ouvir falas tão honestas sobre memória, silenciamento e resistência nos lembra que esse debate não é teórico, é humano”, avaliou o jornalista Vithor Rodrigues, que acompanhou a programação.
Palestra Magna
A palestra magna foi conduzida pela juíza Renata do Nascimento e Silva e mediada pela chefe de gabinete da Corregedoria, Bruna Patrícia Ferreira Pinto, e pela servidora Eva Portugal. Durante a apresentação, foi destacada a importância de se reconhecer o apagamento histórico da população negra e sua relação com as desigualdades atuais.

Em sua fala, a magistrada ressaltou que compreender esse apagamento exige também reconhecer a resistência que sempre existiu: a consciência crítica, a produção intelectual negra e o protagonismo histórico que foram sistematicamente silenciados ao longo do tempo. Para ela, esse silenciamento serviu para sustentar a narrativa de que pessoas negras escravizadas seriam passivas ou desprovidas de agência, uma ideia que beneficiou estruturas de poder e desigualdade.
Ao abordar a construção das injustiças sociais, ela afirmou que a desigualdade não se sustenta apenas pela violência direta ou pela exclusão econômica, mas também pelo controle das narrativas. “Quem controla o passado, controla o presente. Quem define a memória coletiva também orienta a forma como falamos, como somos vistos e como vemos o mundo”, afirmou.
A magistrada ressaltou que a II Semana de Diálogos sobre Igualdade e Diversidade se propõe justamente a fazer o inverso do apagamento histórico. “Um evento como este faz o contrário do que, por muito tempo, foi feito com vozes silenciadas, marginalizadas e tratadas como inexistentes. Aqui, nós falamos. Aqui, nós somos ouvidos. Aqui, nós ocupamos o centro do debate”, pontuou.
Segundo ela, o compromisso do Judiciário passa por reconhecer, legitimar e valorizar todas as vozes da sociedade. “Para termos um Judiciário mais justo, precisamos conhecer, reconhecer e legitimar todas as vozes da sociedade a quem servimos, porque aqui nós somos servidores públicos”, completou.



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