Mulheres não choram, mulheres faturam: o protagonismo empresarial feminino e seu impacto | ASN Tocantins
De mercearias e salões de beleza até empresas de tecnologia, turismo, moda e alimentação, o Brasil tem mais de 10,4 milhões de mulheres empreendedoras, um número expressivo que simboliza um avanço de 42% desde 2012. Então, neste 19 de novembro, quando se celebra o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino, é hora de refletir sobre o que elas já conquistaram, mas reconhecer os desafios persistentes e a força feminina nos pequenos negócios.
Para muitas mulheres, empreender tem sido um verdadeiro ponto de virada. Ao dar vida a um negócio, elas não só garantem a renda da família, mas também reencontram sua capacidade e independência, e tornam esse ato sinônimo de liberdade e recomeço.
Atualmente, as vozes femininas representam 34% dos donos de empresas do País, e geram impacto direto para na economia, com mais iniciativa, inovação e diversidade na forma de gerir. Além de provocar mudanças reais em suas próprias vidas, quando empreender vira caminho para autonomia financeira e para equilibrar sua rotina de um jeito mais compatível com sua realidade.
A analista do Sebrae Tocantins Luciana Retes afirma que é fundamental que as mulheres se preparem para gerir e liderar pessoas. “As mulheres têm uma expertise muito especial com relação a se conectar”, destaca.
–
O Tocantins que empreende com elas
Segundo o IBGE, são quase 62 mil donas de negócios no Estado.
Todas são empresárias. Mulheres que decidiram transformar sonhos em realidade, escolhendo abrir seus próprios negócios em um cenário desafiador e competitivo. Dividem-se entre reuniões, estratégias e inovação, sem deixar de exercer o papel mais importante: serem mães presentes. Suas jornadas são marcadas por coragem, resiliência e equilíbrio, enfrentando o desafio diário de empreender enquanto cuidam da família. Elas provam que é possível liderar empresas, criar soluções e, ao mesmo tempo, educar e amar, mostrando que o maior projeto de todos continua sendo a vida.
Adelice Novak, analista do Sebrae Tocantins
–
O recorte etário e racial também se destaca: predominam mulheres negras, especialmente entre 35 e 44 anos. Isso revela um perfil que marca e direciona o cenário do empreendedorismo no Tocantins. A analista do Sebrae Michele Mattos explica que, apesar de não ser devidamente comprovado, essa predominância pode ocorrer por uma junção de necessidade e oportunidade, porque muitas vezes as mulheres têm uma rotina em dobro, com os negócios e a vida pessoal, e necessitam de maior flexibilidade. Somado a isso, há a dificuldade de inserção no mercado de trabalho.
Além disso, os setores escolhidos também chamam atenção. Os indicadores apontam que elas preferem o nicho de serviço e comércio. Essa questão pode se dar porque mulheres optam por empreendimentos em que elas possam controlar melhor a gestão do seu tempo, já que o empreendedorismo feminino demanda uma certa adaptabilidade da rotina para superar o desafio da tripla jornada.
–
Ousadia para lidar com desafios
Sou empreendedora por paixão e propósito de alma
Maria Edivângela, empresária tocantinense

Maria transformou seu apreço pela jaca em um empreendimento inovador. Como CEO da startup Carne de Jaca, ela idealizou, durante a pandemia, um produto vegetal inusitado, uma “carne” feita a partir da polpa da fruta, que hoje representa uma alternativa sustentável e criativa no setor alimentício.
“A ideia nasceu quando percebi o desperdício das jacas abundantes no meu quintal, então decidi dar-lhes um novo sentido. Claro que foi desafiador colocar no mercado um produto inovador e que causava curiosidade nas pessoas, mas aos poucos e com espaços de apresentação e degustação fui construindo a cultura da carne de jaca”, salienta. A iniciativa fomentou uma cadeia produtiva que envolve pequenos produtores locais.
Com o apoio do Sebrae, por meio do programa Inova Amazônia, sua iniciativa ganhou força e saiu de uma produção caseira para se tornar a primeira indústria de carne de jaca da Amazônia Legal.
–
Quando o empreender tem um peso a mais para elas
“O maior desafio na jornada de empreender é a autovalorização sem esperar nada de ninguém.”, alega a empreendedora
Apesar do crescimento do empreendedorismo feminino, muitas mulheres ainda enfrentam barreiras significativas que vão além da gestão. Ao liderem, na maioria das vezes, com uma tripla jornada, elas acumulam responsabilidades domésticas e familiares, o que reduz o tempo e a energia disponível para se dedicar integralmente ao empreendimento. Por causa disso, podem encontrar mais dificuldade para conseguir apoio financeiro, por exemplo, devido a preconceitos ou à falta de redes de contato.
Outro obstáculo é a desvalorização no mercado. A predominância masculina nesse ramo limita o acesso a networking e conexões em geral, elementos essenciais para o crescimento do negócio. O que gera, inclusive, a necessidade de provar constantemente sua capacidade com mais frequência.
“O empreendedorismo feminino no Brasil traz muitos desafios, mas também muitas oportunidades. Como desafio, percebemos uma preocupação muito grande da mulher empresária em se planejar bastante e tomar cuidado antes de tomar algumas decisões. Mas, por outro lado, elas se capacitam muito mais e, quando elas tomam decisões, as tomam de forma muito segura.”, afirma Luciana.



Comentários estão fechados.