Semana Nacional leva serviços de saúde e bem-estar a indígenas da Ilha do Bananal
Nesta semana, ao invés dos afazeres domésticos e das atividades de artesanato nas aldeias, as mulheres indígenas da Ilha do Bananal estão focadas em cuidar da saúde. Para receber os diversos serviços oferecidos na 1ª Semana Nacional de Saúde, até sexta-feira (11/4), elas estão sendo levadas até a Escola Municipal Hermínio Azevedo, em Formoso do Araguaia, onde foi montada a estrutura da ação coordenada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) e parceiros.
A expectativa é atender mais de 600 indígenas de 15 aldeias, com uma média diária de 120 atendimentos ao longo da semana. Nesta terça-feira (8/7), indígenas Javaé da Aldeia Txuri, localizada a cerca de 45 km da cidade, receberam atendimento. O trajeto até a escola é longo e envolve transporte por barco e carro. Por isso, o deslocamento começou ainda na madrugada, por volta das 4 horas.
Grávida de 9 meses, à espera de seu primeiro filho, Stefany Javaé, 18 anos, foi uma das mulheres indígenas beneficiadas com os serviços oferecidos durante a ação. Foi durante a consulta especializada de ginecologista que ela descobriu que estava perdendo líquido, após passar por exame de ultrassonografia, e precisou ser encaminhada ao Hospital de Formoso do Araguaia para avaliação com o obstetra, visto que está às vésperas do parto.
Stefany espera o pequeno André e, segundo informou, essa foi a segunda vez que passou por exame de ultrassom durante o pré-natal, realizado pela equipe do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Polo Base de Formoso do Araguaia.
Kaukamy Farias Ãwa, de 68 anos, fez o exame de mamografia pela primeira vez na carreta do Hospital de Amor instalada na frente da escola.
“Nunca fui pro médico igual eu fui agora”, disse a indígena da etnia Ãwa.
Acompanhamento médico especializado
Já Ana Clara Oliveira Javaé, 18 anos, tem autismo, síndrome de Down e é portadora de uma cardiopatia congênita. Aos 12 anos, ela foi encaminhada para tratamento em São Paulo e submetida a uma cirurgia cardíaca, mas desde então, estava sem acompanhamento médico especializado.
Nesta terça-feira (8/4), acompanhada da mãe, Marilene Javé, de 42 anos, a jovem indígena teve a oportunidade de retornar ao cardiologista para avaliação, depois de anos e de queixas de dor no peito.
Ana Clara foi examinada por um dos cardiologistas da equipe médica do Hospital das Clínicas de São Paulo que atua na ação e a boa notícia é que o ecocardiograma dela está dentro da normalidade.
Já a mãe Marilene Javaé, que tem diabetes e obesidade, mesmo com avaliação cardiológica normal, recebeu orientações médicas quanto à perda de peso e ao uso de medicação para o tratamento do diabetes.
Quem também aproveitou os serviços da Semana Nacional de Saúde foi Nayara Javaé, que além de buscar atendimento clínico geral e de odontologia para ela, levou quatro de suas cinco filhas para consultas. As gêmeas Isabelly e Inaiara, de 1 ano e 11 meses, foram atendidas por uma médica pediatra pela primeira vez na vida e a mãe não escondeu a satisfação de ver suas filhas serem avaliadas.
Hatamaru Javaé, de 27 anos, descobriu na consulta oftalmológica que tem miopia e astigmatismo, com -3,5 graus no olho direito e -4,5 no esquerdo. Com indicação médica para uso de óculos, no mesmo ambiente ela já teve a oportunidade de escolher a armação e vai receber o acessório gratuitamente da ONG Renovatio, em 30 dias. O filho dela, o pequeno Isac Javaé, 2 anos, também passou por avaliação oftalmológica, com resultado normal.
Serviços oferecidos
Durante a Semana Nacional de Saúde no Tocantins, realizada de 7 a 11 de abril, estão sendo oferecidos aos indígenas serviços de saúde, como: avaliação física, Clínica Geral, exames de mamografia e PCCU, Cardiologia, Oftalmologia, com doação de óculos, Pediatria, Odontologia e vacinação.
No local também estão sendo emitidos: Carteira de Identidade Nacional (CIN), Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), Registro Civil de Nascimento da Pessoa Indígena e Bolsa Família. Além da realização de palestra sobre saúde bucal, hiperdia, nutrição e higienização, bem como atividades esportivas e peça teatral sobre dengue para as crianças, e roda de conversa sobre prevenção do câncer de colo do útero e mama.
Embora as ações sejam voltadas para a mulher indígena, a conselheira do CNJ, Daiane Nogueira de Lira, supervisora do Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde (Fonajus), comenta que a ação também abrange as crianças e os homens que acompanham elas.
Para a presidente do TJTO, desembargadora Maysa Vendramini Rosal, a ação em prol da saúde do indígena significa “cidadania, amor ao próximo e dignidade”.
Comentários estão fechados.