Simpósio sobre judicialização da saúde encerra com palestra do ministro Ricardo Villas Bôas Cueva


Após um dia inteiro de palestras, mesas-redondas e debates construtivos, o II Simpósio “O Direito e a Saúde: Em foco a judicialização da saúde” foi encerrado na noite desta sexta-feira (7/6), no auditório do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins (TJTO), com a palestra do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ricardo Villas Bôas Cueva.

A mesa foi coordenada pelo desembargador Marco Villas Boas, diretor-geral da Escola Superior da Magistratura Tocantinense (Esmat) e presidente do Copedem, que expressou sua satisfação em receber o ministro, destacando-o como um conferencista de renome, respeitado tanto no Brasil quanto no exterior.

“Pode ter certeza de que seu referencial teórico terá muito peso em relação às nossas atividades judicantes e ao interesse da jurisdição”, disse.

Imagem colorida que mostra um homem calvo, de óculos, usando terno e gravata, falando ao microfone

Palestra

O ministro Ricardo Villas Bôas Cueva iniciou sua apresentação apontando que a judicialização da saúde continua a ser uma grande preocupação. Ele relembrou que, quando assumiu seu posto no tribunal há 13 anos, havia entre 350 e 400 mil demandas judiciais relacionadas à saúde no Brasil. Desde então, esse número aumentou significativamente, com dados recentes indicando um crescimento de cerca de 65% entre 2020 e 2023.

Ricardo observou que a judicialização frequentemente beneficia pessoas com mais recursos e articulação social, capazes de contratar bons advogados, o que gera uma alocação perversa dos recursos. Em vez de atender a um grupo maior de pessoas vulneráveis, os recursos são direcionados para um grupo menor e mais privilegiado. Como exemplo, o ministro citou os casos clássicos de medicamentos extremamente caros.

Ele também destacou a importância dos Centros de Mediação e Conciliação na resolução de casos e a necessidade de investimento em plataformas digitais incorporadas aos processos judiciais eletrônicos.

Ao encerrar sua exposição, o ministro enfatizou que todas as questões complexas relacionadas à judicialização da saúde exigem um diálogo interinstitucional intenso e contínuo.

“E eu creio que somente a partir desse diálogo conseguiremos chegar a soluções adequadas para o problema complexo. Como disse Fernando Pessoa, não há conclusões; a conclusão é a morte, mas há ideias que devem ser debatidas. A gente só conclui alguma coisa quando encerra e termina o processo. Não é o caso aqui; é um processo contínuo, um debate, um aprimoramento. Debates como este de hoje certamente resultarão em sugestões e propostas importantes para tentar resolver uma questão tão complexa como a judicialização da saúde”, desenvolveu.

O desembargador Pedro Nelson de Miranda Coutinho, presidente do comitê gestor da política de atenção integral à saúde de magistrados e servidores e coordenador do evento, finalizou as atividades do Simpósio expressando sua gratidão ao ministro por ter aceito o convite e encerrado o evento de forma brilhante.

“O senhor fechou com chave de ouro o nosso evento. Foi muito importante e não se fecha um baú com chave de ouro que não tenha muitas riquezas dentro. E toda a riqueza veio das palestras durante o dia”, falou.

A mesa foi composta pelos desembargadores Marco Villas Boas, Pedro Nelson de Miranda Coutinho e Ângela Prudente, vice-presidente do Tribunal de Justiça.

Homenagem

Na ocasião, o desembargador Marco Villas Boas realizou a outorga da medalha “Desembargador Antonio Rulli Junior”, comemorativa aos 15 anos da Escola Superior da Magistratura Tocantinense, ao ministro Ricardo Villas Bôas Cueva.

Imagem colorida que mostra um homem branco colocando uma medalha no pescoço de outro homem (calvo e de óculos) enquanto é observado por uma mulher que usa rosa

A homenagem foi feita em reconhecimento à sua contribuição para a construção do conhecimento, o incentivo às boas práticas e a dedicação acadêmica voltada à pesquisa científica, à disseminação do conhecimento e ao aprimoramento da prestação jurisdicional, em atendimento ao princípio constitucional da eficiência.



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