TJ oficializa mais dezenas de histórias de amor e esperança no segundo dia do Casamento Comunitário em Palmas
“É com ela que eu quero viver até o fim da vida”
A declaração de amor é do noivo Manoel de Jesus Gomes de Brito, de 55 anos, ao oficializar a união com Maria de Nazaré Caetano de Araújo, de 67. Juntos há três décadas, o casal realizou o sonho de se casar no civil durante o segundo dia da primeira edição do Casamento Comunitário, promovido pelo Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), neste sábado (5/7), em Palmas.

Dona Maria, que utiliza cadeira de rodas e realiza hemodiálise três vezes por semana, enfrentou um passado marcado por um casamento anterior violento, do qual nasceram nove filhos. Ao lado de Manoel, ela encontrou afeto, respeito e apoio incondicional. “Ele é como um pai pra mim”, afirmou, emocionada. Com quatro filhos do primeiro relacionamento, Manoel também abraçou a nova família, formando, ao lado de Maria, uma união baseada no cuidado mútuo e na parceria.
Entre os 50 casais que selaram a união, estavam também Deusely Rocha Alves José, de 55 anos, e José Francisco dos Reis, de 70, que vivem juntos há 30 anos e têm três filhos. O casal já havia realizado uma cerimônia religiosa em 2012, mas sonhava com a formalização civil da união.
“Desejo que essa união dure até o fim de nossas vidas, porque ele é o meu companheiro de uma vida inteira”, afirmou Deusely.
No mesmo evento, a filha do casal, Kamilla Alves dos Reis, de 28 anos, também oficializou a união. Mãe de duas meninas, Júlia, de cinco anos, e Laura, de dois, Kamilla vive com o companheiro há quase oito anos.
“Sempre sonhamos em casar, mas nunca conseguimos por questões financeiras. Quando minha mãe me falou sobre o casamento comunitário, vi que era a chance que tanto esperávamos”, contou.
Para a filha, viver esse momento junto à mãe tornou tudo ainda mais especial.
“Acho que isso é algo que ninguém espera viver na vida, casar no mesmo dia que a própria mãe. Mas, pra gente, está sendo uma bênção. É diferente, é especial, é inesquecível”, disse.

Kamilla destacou ainda o significado simbólico da cerimônia. “Mais do que um papel, esse casamento representa um novo começo, um compromisso mais firme, uma forma de seguirmos nossa vida com ainda mais união, amor e propósito”, declarou.
Casamento Comunitário
A primeira edição do Casamento Comunitário da Comarca de Palmas oficializou a união de 100 casais, em cerimônias realizadas na sexta-feira (4/7) e neste sábado (5/7). Todos os atos foram gratuitos para os(as) noivos(as), garantindo o direito ao casamento com dignidade e cidadania.
A ação é realizada pelo TJTO, sem qualquer custo para os(as) noivos(as), por meio do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec), da Coordenadoria de Cidadania (Cocid) da Corregedoria-Geral da Justiça (CGJUS), da Diretoria do Foro da Capital e com o apoio do Cartório de Registro Civil de Palmas.
Durante a cerimônia, o juiz auxiliar da Presidência do TJTO, Ariostenis Guimarães Vieira, representando a presidente do Tribunal, desembargadora Maysa Vendramini Rosal, destacou o papel do Judiciário na promoção da cidadania e da dignidade. “Temos a absoluta convicção de que ninguém sai daqui da mesma forma que entrou. O Judiciário está aqui para isso também: para garantir dignidade, cidadania e reconhecimento a todos e todas”, ressaltou.
Já o coordenador de Cidadania da Corregedoria-Geral da Justiça (CGJUS), juiz Márcio Soares da Cunha, ressaltou o papel da família como base da sociedade e reforçou o simbolismo do casamento como um novo começo. “O casamento é um ritual, mas também é a construção de um novo caminho, fundamentado no respeito, na dignidade da pessoa humana e nos princípios consagrados em nossa Constituição Federal”, ponderou.
Segundo o magistrado, formalizar a união matrimonial é mais do que cumprir um ato legal: é reafirmar publicamente o compromisso de construir uma vida em comum. “A família é a base da sociedade. Mais do que um simples agrupamento de pessoas, ela representa um espaço de amor, apoio mútuo e respeito”, pontuou.
O oficial do Cartório de Registro Civil de Palmas, Fernando Amorim, enfatizou o significado da iniciativa para quem vive o dia a dia dos registros, mas também para quem acredita no valor das histórias construídas com afeto.
“Que esse casamento seja a coroação de famílias que se formaram com amor. Poder fazer parte disso não tem preço”, concluiu Amorim.
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