TJTO celebra cooperação e realiza sonhos com casamento comunitário em Mateiros


O entardecer do sol no cerrado jalapoeiro apadrinhou a emoção que se assomou em Mateiros, minutos antes do encerramento do “Justiça Cidadã no Cerrado” e do “Pop Rua Jud do TJTO”, durante o casamento comunitário que oficializou a união de três casais em cerimônia marcada por delicadeza e poder simbólico. Um trio de histórias com demonstrações de que o amor, no coração do Jalapão, é não apenas um sentimento, mas um ato de resistência, parceria e esperança.

Mais do que um trâmite legal, favorecido pelos serviços da ação PopRuaJud, do Tribunal de Justiça do Tocantins, a cerimônia contou com a reflexão sobre a vida a dois, conduzida pelo celebrante Edison Sousa. Com a analogia sensível do cronista Rubem Alves, Sousa deu aos casais o que chamou de “a regra de ouro” da convivência.

“Não sejam tenistas no casamento”, aconselhou, explicando a metáfora feita pelo cronista de que o tênis é um jogo competitivo, focado em derrotar o adversário e explorar pontos fracos. O resultado, disse ele, “é o ressentimento”.

“Agora, quando nós olhamos para o frescobol, que lições maravilhosas tiramos. É um jogo que um depende do outro para que ele continue. Você joga a bola esperando que o parceiro devolva. Isso é casamento. É um para o outro. Um pelo outro. E o objetivo desse jogo é não deixar a bolinha cair no chão”, ressaltou o celebrante.

Essa “bolinha”, que representa o diálogo, os sonhos, o respeito, é mantida no ar há nove anos por Noelia Mantezuma de Oliveira e Juracy Alves da Silva. A história deles, moderna em seu início e sólida em sua duração, iniciou de forma inesperada.

“Ah, nossa história foi assim bem engraçada, começou lá no ano de 2014, por meio de mensagens SMS”, diverte-se Noelia. O contato telefônico que uniu o casal foi quase um acaso, repassado ao jovem por uma prima dela. “Estamos morando juntos há 9 anos. E temos uma filha, hoje, que está fazendo os mesmos nove anos.”

Para Noelia, a cerimônia superou todas as expectativas. “Eu gostei muito, a cerimônia maravilhosa, muito linda. Eu nem esperava isso tudo, na realidade. Eu esperava algo simples e foi tudo emocionante, foi além.”

O sentimento de um sonho realizado também é compartilhado por Maria do Carmo Alves da Silva, que disse “sim” a João Vieira Lopes. Moradores de Mateiros, eles estão juntos há três anos, desde que um convite mudou suas vidas. “A gente se conheceu numa festa. Ele me chamou pra dançar, conversamos e hoje deu no que deu, graças a Deus”, conta ela, radiante em sorrisos. “Eu sempre tive um sonho de casar, e agora estou muito feliz porque veio esse casamento comunitário para cá e Deus realizou o nosso sonho.”

A cerimônia também celebrou o reencontro com a felicidade para Izabeli Rodrigues Alves e Elmar Ribeiro da Silva. Moradores da zona rural, a 33 km da cidade, eles representam a força dos laços no isolamento do campo.

Izabeli ficou viúva por oito longos anos, morando sozinha na fazenda. Mas há dois anos, deu uma chance ao vizinho, Elmar. “Ele vivia só e eu também. E meus filhos falaram para eu arrumar um companheiro, para não ficar sozinha, então encontrei ele”, explicou a noiva.

Para organizar os papéis e, enfim, para o próprio casamento, o casal percorreu o longo caminho de moto, um símbolo do esforço conjunto. “Achei muito bonita a cerimônia”, disse Elmar, tímido, confirmando que o ato reforça ‘um sentimento’ pela companheira.


A beleza daquele momento não passou despercebida pelo ministro Carlos Augusto Pires Brandão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que assistia à cerimônia do dispositivo de honra, junto à presidente do TJTO, desembargadora Maysa Vendramini Rosal, à coordenadora do Comitê Regional PopRuaJud, desembargadora Ângela Prudente, entre outras autoridades.

Em sua fala, ele confessou que, de tudo que viu em suas viagens pelo Brasil, nada o tocou mais. “Andei muito o país, conhecemos os rios, as montanhas, os vales, mas o que mais me admira, pessoal, é ver um casamento desse”, disse o ministro, pedindo uma salva de palmas “para esses casais aí lindos, belíssimos”.

Brandão ainda destacou que o casamento comunitário representa a fé das mulheres presentes: “E essa confiança que a mulher brasileira tem nas instituições. São as mulheres que acreditam no país. E é por isso que esse país resiste a todas as tempestades.”

 



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