a arte de olhar e servir o outro
“Obrigada tia, obrigada tia! Vão pegando a sopa. Vai vindo um, vai vindo outro e as pessoas vão falando: ‘Deus te abençoe. Que bom que existem mãos tão bondosas para ajudar a gente’”. O relato emocionado é da Amanda Emilene Arruda. Em suas palavras, ela tenta descrever a alegria das pessoas, principalmente das crianças, ao receberam um prato de sopa.
A Amanda é pedagoga. Há cinco anos entrou no Judiciário do Tocantins, trabalhou no Grupo Gestor das Equipes Multidisciplinares (GGEM) e hoje atua no Núcleo de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados da Escola Superior da Magistratura Tocantinense (Esmat). Mas o trabalho não se limita à sede da Esmat, ela faz parte do projeto social “Chambari com Mocotó”, uma ação social que possui duas vertentes: a Palhaçoterapia – visita a hospitais – e a distribuição de sopão, que acontece uma vez ao mês.
Distribuir sopa é só mais uma forma que a Amanda Emilene encontrou para ajudar e servir ao próximo. Na Esmat, onde elabora projetos para cursos, ela enxerga lá na frente: uma justiça ao lado e para o cidadão, e mais do que isso, o seu papel social.
“Eu cheguei à área da educação e enxerguei uma grande função social, e quando eu cheguei ao Poder Judiciário, que eu comecei a receber aquelas demandas: ‘preciso de curso para trabalhar sobre violência contra criança e adolescente, enfrentamento à violência doméstica’. Pensei: ‘o desafio está posto!’ E ali estava exercendo uma função social, mesmo não estando trabalhando lá, diretamente com o jurisdicionado, mas elaborando, executando e acompanhando os cursos que são aplicados para os servidores e magistrados, que atendem os jurisdicionado, a minha função social estava sendo cumprida.”
Somente servir!
“Sou gente, sou ser humano e atuo no Judiciário há três anos. Gosto de gente e de fazer bem pra gente.”
Assim o Alecsandre Alves de Oliveira, servidor da Coordenadoria de Gestão Socioambiental e de Responsabilidade Social (Cogersa), do Poder Judiciário do Tocantins (PJTO), se apresenta.
Dentro ou fora do Judiciário, há 20 anos como servidor público, Alecsandre segue uma filosofia: servir! Atuando nas ações de sustentabilidade, acessibilidade e diversidade do PJTO, ele vê o Judiciário cada vez mais perto do cidadão. “O Poder Judiciário, hoje, está passando pelo processo de reconfiguração. Continua sendo Poder Judiciário com sua atividade fim, mas estando mais próximo da população em diversas áreas.”
Esse espírito de servir, de olhar para o outro sempre esteve na vida do Alecsandre, que exerce sua função com paixão e também leva alegria e esperança a quem precisa. Recentemente, ele e um grupo de pessoas conseguiram construir três casas em dois anos, uma das beneficiadas foi a Joyce. Todos os fins de semana eram feitos mutirões para que as obras saíssem do papel.
“Construir casas não é tão difícil. Você precisa ter vontade. Não precisa ficar sem casa para se colocar no lugar do outro que não tem casa. Precisa saber que tem muita gente querendo ajudar”, diz, acrescentando que já sentiu na pele o que é não ter uma moradia.
“Eu fui sem-teto, eu sei o que é morar de favor, eu sei o que é chegar e entrar na pontinha do pé. Ainda bem que eu tive boas pessoas que me ajudaram”, diz, lembrando: “eu pautei a minha vida toda em eu não vou mudar o mundo, mas o meu mundo eu vou mudar e ajudar a mudar o mundo das pessoas que estão próximas a mim’”.
A ajuda que cura
Lusivania Sousa Leite, mais conhecida como Vania, é concursada como técnico judiciário, desde 2002, e trabalha na Secretaria dos Juizados Especiais do Fórum de Palmas. Em sua atividade, entre as funções está a de cumprir todos os despachos, as decisões, expedir mandados, intimações, emitir cartas precatórias, receber petições, ou seja, todas as determinações que passam pelo juiz.
Há duas décadas no Judiciário, ela diz que ser servidora pública é uma vocação. “O servidor público precisa saber ter empatia, colocar-se no lugar dos outros. Você tem que ler aquela petição, você tem que cumprir aquele processo pensando numa situação que fosse sua, ou de alguém próxima ou de alguém que precisa muito daquilo. Então, não é só um papel. Quanto menor a causa, maior a necessidade da pessoa. Quando você entra aqui, você tem que ter o olhar humano. Você tem que olhar para o jurisdicionado e vê o que ele precisa se colocar no lugar dele.”
E esse olhar humano, essa empatia, a Vania leva também para o lado fora do Fórum da capital. Com o título de primeira mulher faixa preta de jiu-jítsu do Tocantins, resolveu fazer a diferença também na vida de outras pessoas e ministra aulas, voluntariamente, de Defesa Pessoal.
“A gente faz aulas em praças, em academias. Eu acho que dessa forma eu ajudo a mulher a se empoderar. Ao se empoderar, ela aprende a se defender e saber o lugar dela na sociedade.”
Ela conta que começou no esporte, quando fazia tratamento para depressão e, hoje, mostra também para as mulheres a importância de se ter tempo pra si e como é preciso se valorizar. “A arte marcial me curou.”
A Amanda, o Alecsander e a Vania representam os quase três mil servidores do Judiciário tocantinense que se doam, dia após dia, para levar uma resposta a quem aciona a justiça. A história deles faz parte da campanha “Servir com Paixão e Compromisso: Histórias de Servidores do Poder Judiciário”, promovida pelo PJTO, por meio do Centro de Comunicação Social (Cecom), em homenagem ao Dia do Servidor Público, comemorado em 28 de outubro.
O vídeo com os depoimentos dos três está disponível nas redes sociais do TJTO e pode ser visto também abaixo.
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