Fé e esperança marcam Círculo Restaurativo realizado durante encontro entre familiares e adolescentes em regime de internação em Palmas


“A gente não pode desistir dos filhos da gente, mesmo que faça uma coisa errada, a gente não pode desistir! Nós todos lá tivemos um momento de escutar e de falar. Eu senti que ele está melhorando, que está querendo a mudança e que vai sair diferente. Tô com fé, tô com muita fé!”, disse a aposentada Marinete Sousa, 62 anos. Ela foi a primeira a chegar para ver o neto de 18 anos, e participar do Círculo de Reflexão e Construção de Paz “Resgate Familiar”, realizado pelo Poder Judiciário do Tocantins (PJTO) para adolescentes em regime de internação no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case), em Palmas, na manhã deste sábado (2/12).  

Ao som de uma flauta xamânica, o círculo envolveu os jovens internos. Atualmente, a unidade conta com 14 socioeducandos. O trabalho foi conduzido pelas servidoras do Poder Judiciário Luciane Prado, da Coordenadoria da Cidadania, unidade da Corregedoria-Geral de Justiça (CGJUS), e pela servidora Maria Margarete Marques Beber, assistente social da Coordenadoria Estadual de Infância e Juventude (CIJ).  

Para iniciar o círculo, Luciane Prado, conscientizou os jovens e familiares sobre o poder da fala e da escuta. “As duas coisas são poderosas, o poder da fala e o poder da escuta, e tudo nesse círculo é um convite, não há imposição, só fale se quiser. A intenção da Justiça Restaurativa é sentar com a comunidade para tentar, juntos, achar soluções, no caso aqui hoje, com os jovens e seus familiares”, explicou.

“Esse é o momento de nos conectar, pois já estivemos juntos online e nada como uma boa conversa olho no olho. Nossa parte é o social, comportamental, de relacionamento e, esperamos que a gente tire ao menos uma vírgula na manhã de hoje, e que essa vírgula seja valorizada”, disse a assistente social da CIJ, Maria Margarete Marques Beber.

Esperança no amor

O abraço do adolescente de 15 anos e sua mãe, a auxiliar de cozinha, Isabel Correia de Souza, 38 anos, veio carregado de muito amor e esperança de dias melhores. “Hoje foi muito bom, eu falei, fui ouvido e escutei os outros também. Além de rever minha mãe pessoalmente, vi meu irmão, a esposa dele e minha sobrinha que nunca tinham vindo aqui. Espero que logo esteja em casa com eles”, disse o jovem que está previsto pra sair em agosto de 2024.

“Pra mim foi uma felicidade estar aqui com ele de novo, eu sempre venho e hoje trouxe meu outro filho com a família dele. Fez diferença ouvir a palestra e eu tenho certeza que isso vai mudar a vida dele e de cada um. Só gratidão por estar aqui, pela presença e carinho de todos porque eu sei que ele é bem cuidado, isso é o que mais importa”, externou a mãe do adolescente.

“É tudo sobre o amor. Quando a gente fala sobre família, a gente fala de amor e só ele cura”, finalizou a pedagoga do Case, Ariadna Gomes, que também participou do Círculo.

Círculo da Paz

Círculo da Paz está entre as técnicas da Justiça Restaurativa e consiste em promover a solução de conflitos por meio de reflexão, fala/escuta, convivência e integração entre os participantes.

A Justiça Restaurativa é um conjunto ordenado e sistêmico de princípios, métodos, técnicas e atividades próprias, que visa à conscientização sobre os fatores relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e violência, e por meio do qual os conflitos que geram dano, concreto ou abstrato são solucionados de modo estruturado.

A Política Pública Nacional de Justiça Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário está delineada na Resolução CNJ nº 225/2016 e tem por objetivo a consolidação da identidade e da qualidade da Justiça Restaurativa definidas na normativa, a fim de que não seja desvirtuada ou banalizada.  

(Com informações CNJ)

 

 



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