Polícia Civil do Tocantins deflagra Operação Gotham City e prende faccionado suspeito de ser um dos principais articuladores dos crimes de homicídios na Capital
Um homem de 30 anos, apontado como um dos principais articuladores dos crimes de homicídios ocorridos este ano em Palmas, foi preso na última quinta-feira, 6, na cidade gaúcha de Passo Fundo (RS), após compartilhamento de informações entre as Polícias Civil do Tocantins e do Rio Grande do Sul. Nesta terça-feira, 11, Dad Charada, como é conhecido no mundo do crime, foi recambiado por policiais civis tocantinenses durante a operação denominada Gotham City, em um presídio da capital gaúcha, para onde foi levado ao ser preso.
Os detalhes do trabalho investigativo realizado pela 1ª DHPP, que identificaram Dad Charada como principal articulador dos crimes, foram revelados na manhã desta quarta-feira, 12, durante coletiva à imprensa, no Palácio Araguaia.
“Ao reforçarmos as equipes das delegacias especializadas, aliado aos serviços de inteligência da Secretaria e da Polícia Civil, fechamos o cerco e realizamos prisões importantes, desarticulando as organizações criminosas, dando a nossa sociedade a resposta que tanto aguardavam. Já são 16 dias sem homicídios na Capital, isso mostra que estamos no caminho certo e que o crime organizado não terá vez aqui no nosso Estado”, destacou o secretário da Segurança Pública do Tocantins, Wlademir Mota Oliveira.
Contra o indivíduo havia dois mandados de prisão em aberto representados pelas Divisões Especializadas de Homicídios e Proteção à Pessoa (1ª DHPP – Palmas) e de Repressão a Narcóticos (1ª DENARC – Palmas).
No âmbito da Divisão de Homicídios, Dad Charada é investigado, entre outros crimes, pelo duplo homicídio que vitimou o casal Giovanna Alessandra Ribeiro da Silva, 23 anos, e Wenesph Freitas da Silva, 30 anos, ocorrido em 13 de janeiro de 2022, em Palmas. Mais informações sobre esse crime confira nos links: https://bit.ly/3O91qr8 e https://bit.ly/3D5PqAF.
Investigações
O delegado titular da 1ª DHPP, Guilherme Torres, destacou que a prisão de Dad Charada é mais uma resposta ao crime organizado. “Desde final do ano passado, estamos enfrentando o aumento de efetivo de crimes de homicídios relacionados a disputa de poder entre facções. Quero deixar claro que quando dizemos que os crimes têm essa motivação, não estamos dando menos importância. Não estamos desmerecendo esses crimes, pelo contrário, são crimes que estamos dando prioridade. Esse ano já foram mais de 45 prisões”, destacou.
As investigações apontaram que Dad Charada era membro de uma pequena facção goiana, aliada a uma grande facção paulista com atuação em todo o território nacional. Neste ano de 2023, ele resolveu deixar a facção e se aliar a uma facção carioca, também com atuação em todo o país. Todas as facções atuam no contexto de tráfico de drogas.
“Ao se juntar a essa facção carioca, a ascensão de Dad Charada na estrutura hierárquica da organização criminosa acontece de forma muito rápida. De imediato ele assume o protagonismo desse movimento de tomada de território e de aumento do efetivo de pessoas ligadas a sua nova facção”, destacou o delegado adjunto da 1ª DHPP, Eduardo Menezes.
O plano de tomada de território consistia em matar as lideranças da facção paulista que atuavam em Palmas, deixando os pequenos traficantes sem referência quanto à venda de drogas e em relação às ações tomadas. “Então são dois expedientes utilizados para diminuir o efetivo da facção rival: Matar as lideranças e recrutar os traficantes de menor envergadura, ocupando ainda, os setores da cidade que historicamente eram dominados pela facção rival. Daí o lema “Ou fecha com nós ou corre de nós””, explicou o delegado.
Quantidade de Mortes
O número elevado de mortes se deve ao fato de a organização carioca ser menor que a paulista, levando em conta a associação com a facção goiana. As mortes então se davam no contexto de igualar numericamente o efetivo de faccionados. “Praticamente todo dia tinha homicídio. Muitas das vezes chegou-se a ter cinco homicídios no mesmo dia. O porquê disso? Dad Charada já havia sido membro das outras duas facções rivais, portanto, ele tinha informações privilegiadas e conhecia muito bem seus antigos parceiros de crime. As ações eram certeiras, sem margem de erro”, destacou o delegado Eduardo.
As investigações apontaram ainda que Dad Charada aproveitou essa disputa de poder para se vingar de alguns desafetos que fez enquanto fazia parte da facção paulista. “O objetivo era matar 100 rivais até o final do ano. É um cara que queria causar toda essa perturbação, assustar a população e a facção rival. Um dos planos dele era matar o traficante da facção rival, colocando uma bomba no carro dele”, informou.
O poder financeiro da facção comandada por Dad Charada foi outro ponto abordado na coletiva. “Tinha uma conta numa rede social que figurava como loja virtual destinada à venda de drogas. Deu uma visão empresarial à facção no Tocantins com grande movimentação financeira oriunda da venda de drogas”, destacou.
Prisões importantes
Todo esse fenômeno foi compreendido a partir das prisões que foram realizadas ao longo do ano. “A cada homicídio que ocorria, os inquéritos eram instaurados e o trabalho investigativo começava de imediato. Os vestígios sempre apontavam para membros dessa facção, e ao longo do ano, realizamos prisões de soldados importantes dela. As lideranças ficaram acuadas ao perceberem que as divisões especializadas da Polícia Civil chegariam neles a qualquer momento. Prova disso, é que o Dad Charada fugiu para o Rio Grande do Sul, com planos de, em breve, sair do país com destino a Portugal”, destacou .
O trabalho minucioso com o cruzamento de dados, levou à localização exata de Dad Charada, um apartamento no centro de Passo Fundo. A informação foi compartilhada com a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Passo Fundo, que realizou a captura. “No local, foram encontradas anotações de vendas de drogas, inclusive de entorpecentes vindo do Paraguai. Também foram apreendidas munições e constatado que ele estava usando documento falso e viajaria para Portugal”, informou.
Ao chegar em Palmas, o suspeito foi conduzido até à sede da 1ª DHPP e, após os procedimentos legais cabíveis, encaminhado para a unidade prisional de Palmas.
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