Ucrânia pede reunião urgente na ONU para acabar com ‘chantagem nuclear’ da Rússia


Kiev cobra ‘ações efetivas’ de Reino Unido, China, Estados Unidos e França, membros do Conselho de Segurança, e faz pressão por punição a Belarus, país aliado de Putin

Presidência da Ucrânia/AFPZelensky visitou posições militares perto da cidade de Bakhmut, na linha de frente, no leste da Ucrânia,
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tira foto com soldados do país depois de encontrá-los em depósito perto de Bakhmut

A Ucrânia pediu neste domingo (26) uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para encerrar a “chantagem nuclear” da Rússia, após seu anúncio de implantar mísseis nucleares táticos em Belarus. “A Ucrânia espera do Reino Unido, China, Estados Unidos e França ações efetivas para neutralizar a chantagem nuclear do Kremlin”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, em nota. Assim como os quatro países citados, a Rússia tem uma cadeira permanente do Conselho de Segurança. “Pedimos que uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU seja convocada imediatamente para esse fim”, acrescentou o ministério, que também instou o G7 e a União Europeia a pressionar Belarus com “consequências importantes” se aceitar o destacamento russo.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, alertou neste domingo que a UE está “preparada” para adotar novas sanções contra Belarus se permitir o posicionamento de armas nucleares russas em seu território. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que não há nada neste momento que leve os Estados Unidos a “mudar a posição em dissuasão estratégica”. Já a Otan classifica a retórica nuclear da Rússia como “perigosa e irresponsável”. “A Otan permanece vigilante e está monitorando a situação de perto”, disse a porta-voz da Aliança Atlântica, Oana Lungescu. “Não notamos nenhuma mudança no dispositivo nuclear da Rússia que nos levasse a ajustar o nosso”, acrescentou.

‘Refém nuclear’

Há um ano, as autoridades russas multiplicam as ameaças veladas de usar armas nucleares se o conflito com a Ucrânia se agravar. O presidente russo Vladimir Putin anunciou no sábado, 25, que iria implantar armas nucleares “táticas” em Belarus, que faz fronteira com Letônia, Lituânia e Polônia, três países da União Europeia e da Otan. O líder russo ainda destacou que dez aeronaves já foram equipadas para usar esses tipos de armas. “Não há nada incomum aqui: os Estados Unidos fazem isso há décadas. Há muito tempo implantam armas nucleares táticas no território de seus aliados”, disse Putin em entrevista transmitida pela televisão russa. “Decidimos fazer o mesmo.”

Para o assessor presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, o presidente russo admite, com esta medida, que “tem medo de perder [a guerra] e que tudo o que pode fazer é ter medo”. Ele também acusou Moscou de “violar o tratado de não proliferação nuclear”. Putin observou, no entanto, que a implantação seria feita “sem violar nossos acordos internacionais de não proliferação nuclear”.  A Alemanha denunciou neste domingo “uma nova tentativa de intimidação nuclear” por parte da Rússia e afirmou que Belarus vai contra o seu compromisso de permanecer um território sem armas nucleares. “O Kremlin tomou Belarus como refém nuclear”, escreveu no Twitter o secretário do Conselho de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksii Danilov. Moscou começará a treinar equipes em 3 de abril e planeja terminar a construção de uma instalação de armazenamento especial para armas nucleares táticas em Belarus em 1º de julho, disse Putin.





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